Temos a tendência de endeusar aqueles cuja função é nos divertir ou passar alguma mensagem positiva (ou negativa, no caso das regravações de funk, hehe). Esse hábito é tão comum que muitas vezes nos esquecemos que aquele artista que admiramos não passa de um simples ser humano, tão comum como qualquer outro, sujeito a erros e acertos. Mas por que será que temos tanta dificuldade em aceitar que um artista que goza de um pouco de fama é tão ser humano quanto nós, simplórios fãs sedentos de atenção?
Três casos recentes mostram muito bem que os artistas estão sujeitos a cometerem deslizes tanto quanto qualquer outra pessoa. E que nem sempre os próprios artistas ou suas assessorias estão tão bem preparados para lidar com situações deste tipo. A idéia deste texto é traçar um paralelo entre os 3 casos tendo como pontos de comparação o deslize cometido (se é que ele foi cometido), a reação do público e a reação do artista.
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O caso mais recente não é de um crime e nem de um erro inocente que acabou tendo graves consequências. Foi apenas um deslize, um lapso, mas que teve uma repercussão bastante negativa na mídia durante todo o dia de ontem. A prefeitura de Primavera do Leste – MT divulgou ontem uma nota de repúdio à cantora Paula Fernandes por conta de um episódio ocorrido no fim de semana. A cantora tinha um show na cidade e, segundo consta, foi surpreendida no hotel ao saber que um grupo de crianças a aguardava para prestar uma homenagem. Segundo a nota oficial da prefeitura, a cantora Paula Fernandes deixou as crianças esperando por mais de 3 horas, permaneceu com cara de poucos amigos durante duas canções apenas e logo depois voltou para o quarto alegando indisposição.
Depois de divulgada a nota oficial da prefeitura, o caso ganhou grande repercussão em alguns sites de “fofoca”, o que acabou provocando uma reação por parte do escritório da cantora. Em resposta, o escritório divulgou uma nota reafirmando o carinho da Paula Fernandes com seus fãs e se isentando de qualquer responsabilidade com relação ao referido episódio sob a alegação de que nada havia sido combinado previamente. Além de, é claro, reafirmar como motivo do curto tempo desprendido às crianças o excessivo cansaço de que se acometia a cantora.
De forma geral o público se mostrou, a meu ver, favorável à cantora, exceto aqueles que já souberam ou vivenciaram episódios com ela que denotam em teoria a sua aparente “arrogância”. O grande número de menções ao caso em sites e a grande repercussão nos comentários, afinal a Paula Fernandes é uma das cantoras sertaneja mais “badaladas” da atualidade, demonstra mais uma vez o gosto do público pelo sensacionalismo, pelo “mal-feito”. Mas a reação mais comum é mesmo a de apoio.
Numa jornada exaustiva de shows (25 por mês), é óbvio que a cantora Paula Fernandes tem total direito ao descanso. É um ser humano, afinal. Um ser humano que também se cansa do trabalho, do estresse, da estrada. Se o contratante quis dar uma de “aparecido” combinando coisas com a prefeitura em nome da cantora sem ter autorização pra isso, o problema é dele, ora bolas. Se a Prefeitura quis aproveitar a situação desagradável para colocar o nome da cidade na mídia com uma nota oficial de repúdio, problema dela. Mas se as crianças se acabaram de ensaiar e ficaram esperando a Paula Fernandes por 3 horas e não foram sequer mencionadas na nota de resposta do escritório da cantora num obviamente necessário pedido de desculpas por parte dela, errr, o problema é delas?
Há quem diga que se uma pessoa escolhe levar a vida de artista e consegue alcançar o sucesso que almeja, ela deve abdicar de todo e qualquer período de descanso. Aceitar tirar uma foto com um fã ainda que o cabelo esteja despenteado ou que uma remelinha esteja saindo do olho depois de horas aguardando uma conexão num saguão de aeroporto é lei. Atender o público, ainda que num momento de descanso, é obrigação. Caso não o faça, ficará sujeito o artista à fama de antipático que tratarão de imputar a ele.
Acho um exagero esse tipo de pensamento. Um artista, ainda que alçado à condição de exemplo a ser seguido, não passa de um reles mortal como eu, você ou qualquer uma das 7 bilhões de pessoas nesse mundo. E como tal está sujeito às leis da natureza. Dessas ninguém consegue fugir. Acredite, o seu artista favorito faz as mesmas coisas que você: come, dorme, arrota, espirra, peida, caga, mija, não necessariamente nessa ordem e muitas vezes nem nesses termos grotescos. E, assim como você, ele também está sujeito a cometer deslizes, leves ou graves.
Um artista, famoso ou não, é gente como a gente, afinal de contas. Ele também se sente pressionado a alcançar aquilo que esperam dele e às vezes se utiliza de meios escusos para isso, como é o caso do Dudu de Valença, que por conta da sua fama jamais alcançada virou apenas mais um criminoso xinfrim motivo de piada. O artista também pode se sujeitar a cometer o errinho bobo de pilotar o próprio helicóptero sem ter a autorização necessária para tanto, afinal já tem certa prática. Um errinho bobo que pode ter consequências quase fatais. Mas ainda assim, um erro bobo e inocente, passível de qualquer ser humano, mesmo que um ser humano rico e famoso como o Marrone. O artista também tem direito ao seu momento de descanso, e mesmo sem ter a intenção pode cometer um pequeno deslize e com isso acabar magoando um punhado de crianças, como aconteceu com a Paula Fernandes.
O arista é um ser humano, e como tal está sujeito a todas as provações do dia a dia, a todos os problemas que a vida pode trazer a qualquer pessoa normal. A diferença está em como lidar com isso. Nos três casos apresentados, às vezes pela proibição (no caso do Dudu di Valença), ou pelo silêncio (no caso do Marrone), ou pela falta de tato (no caso da Paula) talvez tenha faltado apenas uma das mais singelas e sinceras das atitudes humanas: um simples pedido de desculpas. Afinal somos imperfeitos. Famosos ou não, somos todos imperfeições nesse mundo, e um pedido de desculpa pelas nossas imperfeições é sempre um excelente primeiro passo.
VERGONHOSA a atitude do prefeito dessa cidade...desnecessário o que fez, prejudicando uma artista nacional, como se ele fosse o dono da verdade e da razão! Será ele PERFEITO? Se ela cometeu um deslize, ele fez pior, abusou de poder para prejudicar com maldade uma moça de apenas vinte e poucos anos, que como qualquer um, é passível de cometer erros ou será que somos todos PERFEITOS? Precisamos olhar as pessoas como seres humanos cheios de imperfeições, com acertos e erros também! Será que por uma atitude negativa, um momento inoportuno, as outras positivas e cheias de qualidades numa pessoa devam ser jogadas fora? Porque tanta incompreensão? Que o que se fale, mesmo com críticas seja para a construção do ser humano melhor e não para a sua destruição! Meu respeito à todos!
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