"Minha essência é sertaneja e com muito orgulho"
Queridinha de nomes grandes e respeitados, como Sérgio Reis e Renato Teixeira, a cantora revelação Paula Fernandes, que segue a linha de um sertanejo mais poético, distante do sertanejo de levada pop que domina o mercado atualmente, traz a Natal canções de sucesso como Pássaro de fogo e Jeito de mato que circularão pelas ondas sonoras da capital potiguar hoje, no palco do Teatro Riachuelo, a partir das 21h. Paula Fernandes lançou seu primeiro disco há quase 16 anos, porém, grande parte do Brasil a conheceu na noite do dia 25 de dezembro passado, quando a cantora participou do especial de Roberto Carlos na praia de Copacabana. A partir desta data, com as crescentes especulações de um possível envolvimento amoroso com o rei, o nome de Paula passou a figurar não só em publicações musicais, como em todo tipo de publicação. A primeira aparição da cantora ao lado de Roberto foi em abril de 2010, quando a TV Globo exibiu o especial Emoções Sertanejas, do qual somente cantores sertanejos consagrados participaram, com exceção da novata mineira de 26 anos. Paula também já emplacou cinco músicas em trilhas sonoras de novelas, sendo a de maior repercussão a versão de Quando a chuva passar, de Ivete Sangalo, que se tornou tema de abertura de Escrito nas Estrelas (Globo). Confira a entrevista concedida ao Diário de Natal.
Com a ascensão de uma nova geração de sertanejos na década passada, um mercado novo se abriu e muitos se adaptaram a ele quando viram a oportunidade de fazer sucesso. Você acompanhou toda essa fase, mas seu estilo musical não mudou. Por quê?Acho que todos que trabalham no meio pararam pra repensar o caminho. Eu sentei com meu produtor e a gente conversou, discutiu bastante, mas seguir a minha verdade foi o denominador comum. A escolha não foi racional, foi intuitiva, e um grande desafio. Afinal, eu sou uma mulher, com um estilo próprio num mercado dominado por homens. Não foi racional porque simplesmente essa sou eu, eu componho mesmo nessa linha. Faço outras coisas, mas minha essência são as baladas. Eu fui parar em uma gravadora como acontecia 20 anos atrás. Hoje é comum que os artistas ganhem destaque e aí as gravadoras vão atrás, e comigo não foi assim. Nós mandamos um vídeo meu e a gravadora resolveu investir naquela mulher, naquela moça cantando balada romântica.
Você ficou conhecida por grande parte do público no especial de fim de ano de Roberto Carlos. Poucos dias depois do show, você passou a ser apontada como nova namorada dele, o que fez seu nome ficar mais popular ainda. Como você lida com os comentários de que só conseguiu aparecer quando se envolveu em um boato com Roberto?Na minha cabeça, isso sempre foi muito tranquilo. Eu sou assim, tento fazer meu melhor, mas sei que não vou agradar a todo mundo. Eu sabia que as pessoas iam começar a falar que eu nasci dia 25 de dezembro do ano passado, mas eu nunca dei importância. Eu estava ali no especial do Roberto por causa da minha história, de tudo que eu fiz pra chegar até aqui. Então não ligo pra nada do que falam. Uma vez ele me disse que já havia conhecido artista de talento, mas com o meu talento e com a minha personalidade, fazia muito tempo que ele não encontrava. Eu levo comigo que oportunismo é falta de talento, e eu não me incomodo com esse tipo de crítica.
Em algumas matérias publicadas sobre você, o termo "sertanejo" não tem sido usado para definir seu trabalho, o que passa a sensação de que muitos te colocam como um nome da MPB. Isso te agrada?Esse negócio de te rotularem é complicado. Eu sou menina criada no campo ouvindo música sertaneja no rádio, só saí de lá mais crescida. Essa é minha origem e minha essência. A minha opinião é que o artista não deve se rotular, deixa que os outras façam isso. Como eu sou compositora também, não preciso ficar presa a um estilo, então não cabe a mim falar o que eu sou ou deixo de ser. O que eu digo com orgulho é que minha essência é sertaneja.
Você acha que seu sucesso pode facilitar a entrada de novas cantoras no mercado sertanejo, que é dominado por homens, ou pouca coisa parece ter mudado?
Esse lance de voz feminina é complicado de tentar explicar. É questão de mercado, é rejeição de público, dificuldade em aceitar algo diferente. É importante a gente dizer que o sertanejo é um meio completamente dominado [por homens], mas é mais importante ainda ressaltar que a mulher tem conseguido maisespaço com o passar dos anos. Na nossa música, tem a própria Maria Cecília (Maria Cecília e Rodolfo), que virou a figura feminina dessa geração de universitários, tem a Dilma, primeira presidente mulher. A mulher está em todo canto fazendo coisas de qualidade. Ser reconhecida é uma questão demorada, mas cada vez mais possível. O mercado sertanejo melhorou nesse aspecto, mas ainda está longe de ser fácil.
Você tem canções gravadas por Victor e Leo, que são seus amigos de longa data. A amizade de vocês influenciou sua carreira, já que o estilo musical de vocês é parecido?O meu encontro com eles não foi coincidência. Nós nos conhecemos 10 anos atrás na época das cabritas magras, pior do que as vacas. Eu brinco, mas foi uma época em que as coisas estavam bem difíceis pra nós três, momento marcante que a gente lembra muito até hoje. Não é por acaso que nós seguimos uma linha parecida. Essa aproximação intensa é que levou a gente a compor junto. Parceiro de composição a gente não escolhe, acontece. As pessoas veem o artista estourado e não imaginam o caminho que eles percorreram. Tenho muito orgulho da amizade com eles.
A sua atual música de trabalho, Pra você, é uma composição sua em parceria com o Zezé DiCamargo. Como surgiu a parceria?Eu sou muito fã do Zezé, assim como sou fã de toda aquela geração dos anos 90, do Leandro e Leonardo, Gian e Giovani e todas aquelas duplas. Eu conheci o Zezé na Festa da Música em Canela, e fiquei supresa por ele já conhecer meu trabalho, alguém tinha dado meu CD pra ele e ele ouviu. Pouco tempo depois, ele subiu no palco e já me chamou pra cantar com ele. Fiquei muito feliz, e a parceria começou a nascer.
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