3 de fevereiro de 2011

Paula Fernandes diz que penou para emplacar num meio de duplas masculinas


"Eu canto o que as mulheres gostariam de falar para seus namorados, mas não têm coragem". É assim que a cantora sertaneja Paula Fernandes descreve a sua sonoridade: como um pedido de socorro do romantismo tradicional, esquecido em meio a "um mundo que valoriza relações superficiais".
"O sertanejo é uma música que fala desse apego a valores tradicionais, e eu me preocupo em colocar isso nas minhas canções - sem, claro, ser quadrada, chata. A gente precisa reaprender a valorizar o amor puro, e essa é a missão da minha música", completou a cantora, toda de branco em um vestido de mangas bufantes e com o cabelo impecavelmente encaracolado.
Paula Fernandes começou sua carreira aos dez anos, quando lançou seu primeiro CD. Criada em Sete Lagoas, Minas Gerais, a cantora veio a São Paulo tentar uma carreira profissional. Depois de quatro álbuns independentes, Paula conseguiu um contrato com a Universal e se prepara para o lançamento de seu primeiro DVD.

COMEÇO DE CARREIRA
Antes de conseguir um contrato com uma grande gravadora, a vida não era fácil para Paula, batalhando por espaço num gênero dominado por duplas masculinas.
"Eu cheguei a desistir quando tinha 18 anos. Era tudo muito difícil, ninguém queria me dar uma oportunidade. O preconceito por ser mulher era tenso", conta ela.
"Pensei em tentar viver de outra coisa, fazer um curso de computação, ser secretária... daí voltei para Belo Horizonte. Foi uma situação péssima, fiquei sem condições de fazer nada. Foi o pior período da minha vida. Eu estava completamente sem grana, então não tinha alternativa", continuou Paula, afirmando que em São Paulo sua vida se resumia apenas a trabalho.
"Eu não tinha vida social na cidade, nunca tinha namorado, não saia de casa, só trabalhava. Acho que era hora mesmo de tirar um tempo pra mim, então lá fui eu", contou Paula, que cursou um mês na faculdade de Geografia, mas não conseguiu ficar longe da música. Logo em seguida, conseguiu recomeçar a fazer shows até chegar a proposta da Universal.

PARCERIA COM O REI
Mas o sucesso, mesmo depois de assinar com a Universal para o lançamento de seu quinto álbum, Pássaro de Fogo, só veio graças a uma conexão muito especial: Roberto Carlos. Convidada pelo rei para participar de sua apresentação no Centenário do Corinthians, a cantora agradou e acabou estendendo a parceria no show especial de Natal do cantor.
Questionada se os boatos de que namorou Roberto Carlos são verdadeiros, ela desconversa. "Todo mundo gosta de uma história, de um conto de fadas, e foi isso que aconteceu com esse boato. Não rolou nada, mas me sinto honrada de ter trabalhado com ele e beijado sua mão. Qual mulher do mundo não gostaria de estar no meu lugar?", brinca Paula.

VOLTA DO ROMANTISMO
Com seu linguajar delicado e postura de menina, Paula Fernandes tenta explicar porque considera que as relações de hoje são superficiais - e porque o sertanejo pode ser a salvação.
"O amor está se tornando uma coisa muito superficial. As pessoas trocam de namorado o tempo inteiro, e eu não curto esse estilo de vida. Eu nunca fiz isso, não sei fazer, não consigo. Eu acredito muito nesse amor puro, nesse romantismo dos valores tradicionais. É importante preservar a essência pura do amor", afirmou ela, que acha que seu som, definido como "pop rural", traz de volta essa suposta doçura inerente ao campo.
"Nas minhas canções, eu falo sobre essa mulher do campo que precisa ser forte para criar 14 filhos e ainda pegar na enxada para garantir o sustento, mas que não deixa de lado a doçura. Quero mostrar esse amor tradicional para meus fãs. E se a minha música é elogiada, é porque as pessoas, sendo do interior ou não, compreendem essa verdade sobre o amor", continuou Paula.
"Acho que sentimento não é algo para se brincar. Essa é a minha mensagem".

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